Dilma diz que governo não condena sem provas
Após se reunir com Orlando Silva, e dar sobrevida ao ministro, a presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta sexta-feira (21/10) que o governo "não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência".
"Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente", disse a presidente, em nota.
Ao confirmar sua manutenção como chefe da pasta do Esporte, Orlando Silva, que enfrentou durante toda a semana acusações de que ele e o partido ao qual é filiado faziam parte de um esquema de desvio de recursos, disse ter ouvido manifestação de confiança da presidente e projetou políticas futuras da pasta, como ações voltadas à organização da Copa do Mundo de futebol de 2014.
Ao cobrar explicações de Silva, Dilma ouviu do ministro que foram tomadas medidas para corrigir e punir irregularidades no Esporte, ressarcir os cofres públicos e aperfeiçoar os mecanismos de controle de recursos públicos.
No início da semana, fontes do governo afirmaram que a saída de Orlando Silva do Executivo representava um "exagero" da imprensa. Em viagem à África, a presidente Dilma Rousseff, no entanto, afirmou apenas que "presumia" a inocência do auxiliar e enfatizou reservadamente que as explicações do ministro eram insuficientes. Orlando Silva continua negando as acusações e responsabilizou o então ministro da pasta e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), por encaminhar o policial militar João Dias Ferreira, delator do suposto esquema, para uma audiência no Ministério do Esporte. O governador disse que as acusações sobre eventuais desvios não são de sua responsabilidade e afirmou não se lembrar de ter encaminhado João Dias para um encontro com Orlando.
As acusações contra Orlando Silva
Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos.
Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios.
O ministro teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo, iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.
João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos.
O ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça.
Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados.
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