terça-feira, 22 de novembro de 2011

DANO IRREPARÁVEL III


Chevron
Destino do petróleo que vaza no mar é loteria
A enorme mancha de petróleo que vazou da plataforma da Chevron na Bacia de Campos não tem um rumo definido e, embora a probabilidade seja pequena, pode até chegar na costa, segundo um dos maiores especialistas brasileiros no tema. Claudio Egler, pesquisador em Geoeconomia da UFRJ, diz que saber onde vai parar a mancha de óleo é uma “loteria”.
Ele torce para que o óleo continue a flutuar cada vez mais para o alto-mar, como desejado para que o impacto ambiental seja menor, mas ventos, correntes e ondas podem alterar esse rumo a qualquer momento. “Se houver uma chuva muito forte no Atlântico Sul, as vagas poderiam trazer parte do óleo para o litoral brasileiro.”
No ano passado, quando ocorreu o vazamento de óleo de uma plataforma da BP nos EUA, o professor Egler alertou para o despreparo do Brasil em conter um incidente similar, principalmente em águas profundas ou no pré-sal, onde as condições ainda não são totalmente conhecidas.
Após o vazamento da semana passada, Egler também destaca que, desde o problema americano o governo federal tem prometido acelerar a definição de um Plano Nacional de Contingências (PNC) em acidentes com óleo e gás no mar, mas sem sucesso. No ano passado, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, chegou a prever que o PNC estaria pronto até setembro de 2010, o que não ocorreu até hoje.
“Esse é um dos grandes problemas”, diz Egler. Sem um Plano de Contingência não se define, em um momento como esses, como cada um dos atores envolvidos atua nesses casos. “Não tem ação coordenada e pode haver ações contraditórias.” Os órgãos responsáveis por zelar pelo mar contra esse tipo de evento são Marinha, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Ibama.
Egler teme que eventual ação da empresa de jogar o petróleo flutuante para o fundo do mar, como investigado pelo governo, cause dano ambiental ainda maior. Segundo ele, as ações da empresa nos primeiros minutos são fundamentais para os impactos, mas essa ação é ineficiente pelo número restrito de embarcações no Brasil para conter um vazamento de óleo.
“Essas empresas de contingência estão operando no limite da capacidade”, diz ele, lembrando que parte dos equipamentos usados no controle do vazamento foi cedido pela Petrobras. Segundo ele,  esses equipamentos são muito caros e nem toda empresa que atua em águas profundas o possui.
O maior alento de Egler no caso da Chevron é que a Polícia Federal esteja atuando no caso. Em condições normais, o petróleo não vaza tanto assim, o que, mesmo antecipadamente, leva à interpretação de que um erro produziu ou potencializou esse evento, avalia. “Esse não é só um problema ambiental, mas também de polícia, e os culpados têm de pagar.”

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