domingo, 13 de novembro de 2011

CHINA




Made in China
A atual legislação para fornecimento à Administração Pública (Lei Federal nº 8.666/93) impõe como condição mais vantajosa para a Administração Pública o menor preço, garantindo igualdade entre os licitantes.
Assim, o importador de tecnologias semelhantes as que nós fornecemos tem as mesmas vantagens em suas vendas com relação aos produtos produzidos no país, onde geramos emprego e aquecemos nossa economia, sendo que com a queda da cotação do dólar americano ficou impossível competir propondo o fornecimento de produtos produzidos em território nacional.
É mais fácil encontrar um fornecedor na Ásia, que tenha um produto semelhante ao produzido por nós em termos de qualidade e performance, do que continuar produzindo no nosso grandioso Brasil. A Administração Pública se preocupa apenas com o menor preço e não com o fato de nossas empresas estarem gerando empregos em nossa terra e, assim, o poder público continua adquirindo produtos "Made in China".
O Poder Público está seguindo fielmente os preceitos da nossa Constituição, garantindo igualdade entre os licitantes e adquirindo a mercadoria desejada sempre pelo menor preço, mesmo que dessa forma esteja destruindo o nosso parque industrial, paralisando as inovações tecnológicas, inviabilizando a geração de novos empregos.
É hora de mudar, ou não? 
A  verdade é que agora, tudo o que compramos é “made in China”. De canetas até carros ou aviões eles já fabricam todo tipo de produto, independente de quão altos sejam os níveis de qualidade. Eles fazem o que todo marqueteiro sabe que é importante: BOM E BARATO.
Eis um aviso para o futuro! Mas quem liga para esse aviso?
Atualmente, ninguém! Agora é só aproveitar E APROVEITAR! E depois como será para os nossos filhos? Quanto eles terão de pagar pelos nossos anos de aproveitamento mal planejado?
Já pensou como ficará a China no futuro?
Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação. O texto a seguir é um resumo de uma palestra recente:
“Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto que o Brasil fabrica em um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões. A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é  impressionante. Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas. Com preços que são uma fração dos praticados aqui.
Houve um tempo que os produtos “ching-ling” eram sinônimo de baixa qualidade. Hoje os produtos mais nobres já nascem em galpões de Xangai ou Pequim.
Uma das fábricas deles está de mudança para o interior do país, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares. Vejam bem, um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios, estamos perante uma escravatura amarela e alimentando-a vigorosamente.
Horas extraordinárias? Férias? Descanso remunerado semanal? Na China...? Esqueça!!!
O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada  por isso. Há casos de gente que dorme na empresa 6 horas por dia e trabalha nas outras 18.
Atrás dessa "postura" está a grande armadilha chinesa. Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de "poder" para ganhar o mercado ocidental. Os chineses estão tirando proveito da atitude dos 'marqueteiros' ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de valor": a marca. É comum ouvirmos que a produção será uma commodity. Difícil você adquirir atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto "Made in USA". É tudo "Made in China", com rótulo estadunidense. Aqui não está diferente.
As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares. Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço. Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o que se pode chamar de "estratégia preçonhenta". Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo. Eles sempre pensam em longo prazo.
Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com o design, suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais. Adquirindo a tecnologia de fabricação, que é o que realmente tem valor na cadeia. Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só haverá na China. A Alpargatas, por exemplo, fechou duas unidades no Brasil e passou a produção para os orientais tão prestativos e esforçados.
Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, produzindo um "choque da manufatura", como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais. Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês. Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo. Dragão este  que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois será quem manda,  pois terá o monopólio da produção. Volto a insistir: o que realmente tem valor na cadeia. Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos".
Iremos, nós e os nossos filhos, netos, assistir a uma inversão das regras do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica, chinesa.

Nessa altura em que o mundo ocidental  acordar será muito tarde.
Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando baralho na praça da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmontados. E então lembrarão, com muita saudade, do tempo em que ganharam dinheiro comprando "balatinho dos esclavos" chineses, vendendo caro suas "marcas-grifes" aos seus conterrâneos. Marcas estas sem valor, pois produtos muito bons, chineses, invadiram o mercado e minaram suas preciosas marcas.
E então, entristecidos, abrirão suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois foram todas copiadas.
“Reflitam e comecem a comprar já os produtos de fabricação nacional, fomentando o emprego em seu país, pela sobrevivência do seu amigo, do seu vizinho e até mesmo da sua própria... e de seus descendentes”
Um exemplo em pequena escala da virada chinesa é a Lenovo, a IBM terceirizou e acabou vendendo sua produção de pequenos computadores e portáteis. Os chineses aprenderam a montar equipamentos de qualidade e hoje invadem o mercado com máquinas modernas, baratas e de marca chinesa, respeitada em todo o mercado.
Se as coisas não mudarem vamos começar a vender, também, produtos que garantimos enquanto empresas brasileiras, mas que são produzidos na Ásia, os famosos “Made in China”.
Conversando com a concorrência sempre pergunto: Onde fica sua fábrica? A resposta é sempre a mesma: “Nossa fábrica fica na China”. Alguns outros importam tudo e fazem apenas uma simples montagem em território nacional.
Para sobreviver temos que nos adaptar as novas diretrizes econômicas, pois os custos de produção em território nacional são muito superiores aos valores dos produtos importados da Ásia, sendo que hoje está cada vez mais fácil encontrar um fabricante chinês que tenha um produto BOM E BARATO.
Talvez minhas expectativas estejam erradas, na medida, que sempre me dizem: “vivemos num mundo globalizado e você tem que se acostumar com isso, não importa onde esteja a produção, a prestação de serviços de implantação de tecnologias será sempre local”.
É verdade, existe um segmento de serviços para se explorar vitaliciamente, estamos nos adaptando muito rapidamente para este novo segmento, temos apenas que fazer uma boa projeção para olhar o Brasil do futuro, não mais como um produtor de tecnologias, mas como um país integrador, que implanta tecnologias, um povo que presta serviços e não pensa, pois não pesquisa e não desenvolve tecnologias, apenas instala e monta tecnologias produzidas na Ásia.  
Espero que essas poucas palavras sirvam para reflexão da turma de representantes da Câmara Federal e do nosso Senado, pois é essencial discutir assuntos realmente importantes para o futuro do nosso Brasil e não a postura ética de Ministros que prestam serviços e pagam seus impostos.

 COLABORAÇÃO : TONI

Nenhum comentário:

Postar um comentário