quinta-feira, 3 de novembro de 2011

OLIMPÍADAS

Olimpíadas 2012
Inventores dos fogos de artifício, dos instrumentos de percussão e da seda, os chineses realizaram uma Olimpíada cheia de pirotecnia, barulho e beleza. Na cerimônia de encerramento dos Jogos de Pequim, no Estádio Ninho do Pássaro, na noite de 24/08/08, eles entregaram o bastão a Londres, que passava a assumir uma empreitada tormentosa: organizar uma Olimpíada ainda melhor que a dos orientais.
Mas os britânicos, inovadores nos sistemas financeiros, na produção industrial e na cronometria, não decepcionaram. A um ano da abertura dos Jogos de 2012, as contas estão em dia, as obras transcorrem sem sobressaltos e tudo está dentro dos prazos. O melhor, porém, está por vir. Enquanto Pequim ainda tenta encontrar alguma utilidade para suas ostentosas instalações olímpicas, o Ninho do Pássaro agora só serve para visitação turística; o Cubo d'Água virou parque de diversões aquático, Londres redesenha sua topografia urbana, com vistas a uma revolução depois dos Jogos.
Seis anos depois de ter batido Nova York, Paris, Madri e Moscou na batalha para sediar a Olimpíada, a capital britânica dá os toques finais num projeto impecável, que consegue juntar sustentabilidade, eficiência, responsabilidade econômica e um espetacular legado para a cidade.
Em 12/08/12, no novo Estádio Olímpico de Stratford, que, evidentemente, já está prontíssimo, uma delegação brasileira participará da festa para receber a incumbência de suceder Londres. Mais que um modelo a copiar e um exemplo a seguir, será um abacaxi a descascar. Afinal, a cerimônia do dia 12 se encaminha para ser o último ato da melhor Olimpíada da história e, até lá, restarão apenas quatro anos para o Brasil preparar Jogos tão brilhantes quanto os de 2012.
Nos eventos marcados para dar início à contagem regressiva de um ano para a abertura, Londres deu algumas boas amostras do que será capaz de apresentar dentro de doze meses. A melhor delas foi a estréia de seu conjunto aquático, de desenho sinuoso e acabamento irretocável. As piscinas eram a última grande instalação olímpica a ser concluída e entregue antes delas, já haviam sido encerradas as obras no Estádio Olímpico, no velódromo e na arena de basquete e handebol. Esse último projeto, aliás, representa com perfeição as diretrizes do projeto londrino.
Concluiu-se que manter um ginásio de grande porte no Parque Olímpico depois dos Jogos seria um desperdício, o local ficaria ocioso e os custos de manutenção seriam elevados demais. A solução: armar uma arena "reciclável", que será desfeita depois das competições. Tudo será reaproveitado em outras instalações esportivas espalhadas pelo país. Das arquibancadas ao piso, passando pelo sistema de iluminação e pelos banheiros, o ginásio desmontável abastecerá reformas em outras arenas.
O próprio Estádio Olímpico foi projetado de acordo com essa mesma filosofia. Na configuração preparada para os Jogos, haverá lugar para 80.000 pessoas. Depois da cerimônia de encerramento, o estádio será readequado ao seu futuro uso, com redução da capacidade e adaptação para receber partidas de futebol (um dos clubes mais populares da cidade, deverá assumir a administração).
O grau elevadíssimo de planejamento e organização não significa que a cidade escapou imune às controvérsias que costumam cercar um projeto olímpico. A entrega do estádio ao West Ham, por exemplo, ainda é alvo de uma ferrenha disputa (o Tottenham, uma agremiação rival, também reivindica a chance de assumir o controle do local). As desapropriações necessárias para construir o Parque Olímpico no bairro de Stratford também provocaram queixas e protestos. O resultado da transformação da região, entretanto, não deixa dúvidas de que o leste de Londres ganhará vida nova a partir do ano que vem.

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