Nanopartículas e a barreira protetora do cérebro
Nanopartículas de dióxido de titânio, utilizadas em vários produtos, de tintas até filtros solares, podem alterar uma barreira essencial que protege o cérebro de elementos tóxicos, segundo estudo divulgado na França.
Os resultados do estudo in vitro sugerem que a presença de nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) poderia ser a origem de uma inflamação cérebro-vascular, informou o Comissariado francês de Energia Atômica (CEA) em um comunicado. A exposição crônica a estas nanopartículas "poderia dar lugar a um acúmulo no cérebro, com risco de perturbações de certas funções cerebrais", alertou o CEA.
O dióxido de titânio é uma substância que dá a cor branca a diversos produtos, como geladeiras, plásticos e cremes. Além da cor, também é responsável por ajudar a absorver os raios ultravioletas nos protetores solares. Segundo Marcos Augusto Bizeto, professor de química da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cerca de 99% dos produtos que utilizam pigmento branco levam dióxido de titânio em sua fórmula.
"De maneira geral, essa substância não apresenta prejuízos ao organismo. O problema está nas nanopartículas, mas grande parte dos produtos, ao serem feitos, agrega as nanopartículas e elas passam a ser partículas normais", explica Bizeto.
Um estudo feito com ratos já tinha demonstrado, em 2008, através de uma instilação nasal (quando uma substância líquida é inserida no nariz gota a gota), ser possível detectar nanopartículas de dióxido de titânio no cérebro, particularmente no bulbo olfativo e no hipocampo, estrutura com papel chave na função da memória.
Os cientistas buscaram a explicação de como estas nanopartículas apareceram no cérebro, que é protegido de substâncias tóxicas pela barreira hematoencefálica (BHE). "As células do endotélio compõem as paredes dos vasos do corpo e, no cérebro, essas células são extremamente unidas e dificultam a passagem de diversas substâncias, inclusive de medicamentos", explica o neurologista Eli Faria Evaristo. Entretanto, de acordo com o médico, há substâncias que conseguem penetrar por essa estrutura e, se forem mais invasivas, chegam a rompê-la.
Nenhum comentário:
Postar um comentário