Chevron deve ser intimada
O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, vai intimar nesta sexta-feira (18/11) pelo menos seis diretores da Chevron para depor na semana que vem sobre o vazamento de óleo na Bacia de Campos. A multinacional é responsável pela exploração de petróleo em um poço no Campo de Frade, a 183 km da costa fluminense.
A empresa pode ter provocado um acidente ambiental na Bacia de Campos, no Rio, por conta de um vazamento de óleo em uma sapata de um dos poços perfurados pela petroleira na região há cerca de oito dias. A Polícia Federal no Rio de Janeiro instaurou ontem inquérito policial para apurar o acidente ambiental ocorrido na Bacia de Campos.
Os responsáveis pelo incidente poderão ser indiciados pelo crime de poluição e, se condenados, estão sujeitos a penas que variam de 1 a 5 anos de reclusão. Fábio Scliar espera o laudo pericial encomendado a um oceanógrafo para intimar diretores da Chevron. Ele sobrevoou a região na terça-feira (15/11) e ouviu cerca de 15 funcionários do navio-plataforma no local.
Nesta sexta-feira (18/11) integrantes da ONG Greenpeace fizeram uma manifestação em frente à sede da Chevron, no Centro do Rio de Janeiro. Eles derramaram óleo na porta do prédio e seguraram cartazes com a frase "Chevron: sua sujeira, nosso problema".
Diretor da ANP culpa Chevron por vazamento
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, disse, em entrevista à Agência Estado que parte do óleo extraído da jazida escapou desse "furo" e atravessou uma falha geológica, desembocando no assoalho oceânico e contaminando a água do mar em um ponto cerca de 150 metros adiante.
Isso significa que o vazamento ocorreu provavelmente por um erro de operação do poço e não por uma falha geológica. Lima está convicto de que serão aplicadas "multas pesadas" pelo acidente, mas diz que a comissão que analisa o caso só terá noção do valor depois de controlado o vazamento.
Isso significa que o vazamento ocorreu provavelmente por um erro de operação do poço e não por uma falha geológica. Lima está convicto de que serão aplicadas "multas pesadas" pelo acidente, mas diz que a comissão que analisa o caso só terá noção do valor depois de controlado o vazamento.
Em nota, a ANP afirmou que foi concluído com sucesso o primeiro estágio de cimentação do poço, para abandono definitivo. Imagens submarinas aparentemente indicam a existência de fluxo residual de vazamento. A ANP afirma que a mancha de óleo continua se afastando do litoral e se dispersando. A estimativa é que a conclusão do abandono definitivo do poço e a confirmação do sucesso das operações ocorram nos próximos dias.
O campo é operado pela Chevron, com 51,7% de participação, em sociedade com a Petrobras (30%) e o consórcio Frade Japão Petróleo (18,3%). "A prioridade agora é controlar o vazamento", disse Lima. Para isso foi iniciado o processo de cimentação, que prevê quatro etapas, sendo que a primeira delas foi concluída ontem. "Os engenheiros afirmaram que foi um sucesso", completou Lima.
As quatro etapas ocorrerão em profundidades diferentes do mesmo poço. A primeira cimentação, concluída na quarta-feira (16/11), tem secagem total prevista para quinta-feira (17/11), 20 horas depois do processo. Lima não soube informar com precisão quando todo o processo será finalizado. Depois de cimentado o poço, será também tapada a rachadura no fundo do mar por onde o óleo escapou.
Para o diretor-geral da ANP, o fato de imagens de satélite estarem detectando uma mancha maior no mar do que a informada inicialmente "não é um dado inquietador". Ele explica: "É comum a mancha se alastrar, mesmo depois do início do trabalho de contenção do vazamento. Há um aumento da área, mas uma redução da densidade do óleo, especialmente quando o mar está muito revolto, como é o caso.
As ondas no local estão alcançando de dois a quatro metros. No fim, geram imagens um pouco distorcidas". Ainda de acordo com Lima, já é certo que a Chevron será multada também por outro procedimento irregular. A empresa informou à ANP o mesmo volume de óleo vazado por três dias, o que é impossível de acontecer. "Somente por isso já está certo que haverá multa", disse o diretor, esquivando-se de revelar valores. Segundo Haroldo Lima, nove engenheiros da ANP acompanham a operação para contenção do vazamento. Ele manteve a previsão de que a mancha não se aproximará do litoral.
Perda de Royalties pode colocar estado em risco
O governador Sérgio Cabral disse nesta sexta-feira (18/11) que está preocupado com os danos ambientais que o vazamento de óleo no campo de Frade, na Bacia de Campos, pode causar à costa fluminense e ressaltou a importância dos recursos dos royalties para se lidar com esse tipo de problema.
"O governo do Estado vive um momento de tensão. Esse acidente é uma prova de que os estados produtores devem receber uma parte maior dos royalties. Estamos preocupados com os danos ambientais que podem ser causados por empresas e se o estado não tiver os recursos dos royalties para previnir esse tipo de acidente".
Cabral fez o comentário durante a cerimônia de inauguração da fábrica da Nestlé em Três Rios. Ele ressaltou, no entanto, que o secretário do Ambiente, Carlos Minc, e a presidente do Inea, Marilene Ramos, já estão avaliando a situação e cobrando as providências necessárias.
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