Chevron coleta óleo no fundo do mar
A petroleira americana Chevron está colocando equipamentos de contenção para diminuir a quantidade do óleo que continua vazando no fundo do mar na região do Campo do Frade, na Bacia de Campos, no litoral norte do Rio de Janeiro.
Desde o dia 12/12, já foram baixados quatro “contêineres de captura” que coletam as gotas do óleo entranhadas no subsolo que ainda saem das fissuras, em pontos de exsudação, localizadas a cerca de 1,2 mil metros de profundidade. De acordo com a assessoria de comunicação, nos próximos dias, vão ser baixados mais dois contêineres, em um total de quatro equipamentos de contenção.
Hoje, de acordo com a Chevron, cerca de meio barril (80 litros) de óleo residual ainda vaza por dia, em 17 pontos de exsudação que estão ativas. Segundo a assessoria de comunicação da petroleira, os seis equipamentos de contenção vão ficar sobre os seis pontos de exsudação com maior fluxo, ao longo da fissura no fundo do mar.
Como funcionam os contêineres
Os equipamentos, por fora, se assemelham a um contêiner, de cor branca, quadrados, com 2,5 metros de largura e de comprimento e capacidade para armazenar 24 barris (3.816 litros). Já o interior é em formato de pirâmide, pintado de amarelo. No fundo deles há uma espécie de grelha, por onde entram as bolhas de óleo. No topo, há uma estrutura de aço triangular, também pintada de amarelo, com uma válvula no centro, onde é acoplado, periodicamente, um tanque de armazenamento que suga o óleo coletado por cada container. O tanque é içado para um barco de apoio, e o óleo, de acordo com a Chevron, vai para uma empresa de tratamento de resíduos para ser descartado corretamente.
O sistema de captura é simples. Como o óleo tem uma densidade menor que a água, a tendência natural é que, ao se desprender do solo, suba para a superfície em formato de gotas. Com o container colocado em cima dos pontos de exsudação, as gotas sobem e ficam presas dentro dele. O formato em pirâmide provoca a convergência do óleo para a válvula, que fica no topo, no centro do equipamento.
Um ROV (Remotely Operated Vehicle - Veículo Operado Remotamente) com uma câmera acoplada pode filmar o quanto de óleo já foi coletado por cada container a partir de uma janela lateral no equipamento. É dessa forma que é feito o controle para saber a hora certa de baixar o tanque de armazenamento, que será acoplado à válvula e vai sugar o óleo coletado. Nas imagens que mostram a parte interna do container, é possível ver rastros de óleo percorrendo os cantos da pirâmide, de cor amarela, subindo até formar uma espécie de “poça invertida” de óleo, preta, no topo.
Terceiro tampão e direção da mancha
A Chevron informou nesta quinta-feira (15/12) que recebeu aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para injetar o terceiro tampão de cimento no poço de avaliação no qual ocorreu o vazamento de óleo no campo de Frade, na bacia de Campos.
Segundo a companhia, o processo "será realizado em breve". "A colocação do tampão é parte do processo de selamento permanente e de abandono do poço", informou a empresa em nota. Na semana passada, a diretora da ANP Magda Chambriard manifestou algumas dúvidas sobre a eficácia dos tampões já colocados.
A Chevron também afirmou ter lançado bóias para documentar a direção e a velocidade das correntes marinhas no local. "Os dados coletados mostram que as correntes continuam levando a mancha, já reduzida, para longe da costa", informou a companhia, acrescentando que o volume atual da mancha é de menos de um barril, de acordo com medições realizadas nesta quinta.
Ação de R$ 20 bilhões
Esta semana, o Ministério Público Federal (MPF) em Campos, no Norte Fluminense, entrou com uma ação civil pública contra a petroleira americana Chevron, a filial da companhia no Brasil e a empresa contratada Transocean, pedindo indenização de R$ 20 bilhões. Na ação, o MPF afirma que as companhias são responsáveis por danos ambientais e sociais causados pelo vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos.
O MPF também pediu à Justiça Federal uma liminar suspendendo todas as atividades da Chevron Brasil e da Transocean, sob pena de multa diária de R$ 500 milhões. O setor de marketing da Transocean informou que a empresa não vai se manifestar neste primeiro momento até apurar o conteúdo da ação.
A Chevron informou, em nota oficial, que não recebeu qualquer notificação sobre a ação. Na nota, a Chevron também informa que não recebeu nenhuma instrução a respeito da suspensão das suas operações por parte das agências regulatórias, responsáveis pelas atividades da petroleira americana no Brasil. Leia a íntegra da nota no final desta reportagem.
A petroleira americana afirma, na nota, que, “desde o início, respondeu de forma responsável ao incidente no Campo Frade e atua com transparência junto a todas as autoridades brasileiras”. Segundo a petroleira, “a fonte do óleo foi interrompida em quatro dias e a empresa continua a progredir significativamente na contenção de qualquer afloramento de óleo residual”.
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