terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CYBERBULLYING


Como lidar com o cyberbullying?
"Fulano é CDF", "Beltrano, aprende a falar!" - o deboche entre crianças e adolescentes, frequente nas escolas, ganha espaço e gravidade na Internet. Tratado muitas vezes como brincadeira, o bullying, termo usado para descrever essas agressões verbais ou físicas repetidas, pode ter consequências graves e requer atenção de pais e professores, tanto no mundo real quanto no virtual.
"A propagação de apelidos e histórias mentirosas ganham o respaldo da sensação de anonimato que a Web dá", diz a pedagoga Cléo Fante, autora do livro "Bullying Escolar - perguntas e respostas", Editora Artmed.
Segundo a pesquisadora, o cyberbullying - a versão online da prática - tem potencial para fazer ainda mais vítimas que o bullying tradicional.
"Basta uma foto ou um vídeo na Internet para virar motivo de piada ou de um perfil virtual falso. Alguém se passa por você e diz que você fez ou é coisas que não são verdade", explica Fante.
No bullying off-line, as principais vítimas costumam ser crianças tímidas ou com características fora do que se considera padrão (desempenho escolar melhor ou pior que o dos colegas, peso abaixo ou acima da média, por exemplo).
Cuidados com os pequenos
A inexperiência com as ferramentas virtuais e a falta de malícia deixam os pequenos mais vulneráveis ao cyberbullying.
"É comum as crianças não tomarem cuidados básicos, como não contar as senhas que utilizam e esquecer de fazer logoff de e-mail e programa de mensagens. Por isso os adultos precisam orientá-los", diz Fante.
Para a pesquisadora, o medo do bullying não pode levar os pais a proibir as crianças a utilizar a Internet.
"É uma ferramenta útil, mas precisa ser utilizada com supervisão e cuidado", diz.

Vítimas devem acionar a Justiça
Alguém criou uma comunidade virtual para zombar de seu filho ou está distribuindo e-mails que o ofendem. O que fazer?
O promotor de justiça criminal Lélio Braga Calhau, de Minas Gerais, dá dicas: "Se for uma comunidade ou perfil falso, é preciso fazer um 'PrintScreen' (comando que copia a imagem exibida na tela) e imprimir a figura. O responsável pela vítima pode fazer uma denúncia em delegacia de polícia ou diretamente no Ministério Público".
É necessário fornecer o máximo de detalhes possíveis sobre o caso, como endereço do site que veiculou a ofensa, dia e horário em que estava no ar e nome de quem publicou se a vítima souber.
Feita a denúncia, a Justiça exige que o site tire a página ofensiva do ar, segundo o promotor.
"O anonimato pela Internet é uma falsa impressão. A Justiça brasileira consegue descobrir o autor da ofensa e encaminha o processo contra ele", explica o promotor.
O agressor pode ser processado e ter de pagar indenização. Se for menor de idade, a conta pode pesar no bolso dos pais.
"Por isso, é preciso cuidado redobrado: os pais precisam verificar se o filho não sofre esse tipo de intimidação, já que muitos têm vergonha de contar, e, também, se ele não é um possível autor de bullying", recomenda a pedagoga Cléo Fante.
A receita para proteger os filhos das ameaças dos tempos modernos é antiga: "tem de conversar em casa, ver se está tudo bem, analisar o comportamento. A vítima de bullying dá sinais de nervosismo, irritação, perde vontade de ir à escola, se afasta dos amigos. Já o autor costuma ter comportamento violento, agressor egoísta. Cada pai tem de conhecer o filho que tem", diz Fante.


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