EUA investigam torres eólicas da China e do Vietnã
Mais uma acusação contra a indústria renovável da China vem para engordar ainda mais a lista de denúncias dos Estados Unidos contra o setor chinês de energia limpa. O Departamento de Comércio dos EUA confirmou que iniciará uma investigação formal sobre a importação de torres eólicas da China e do Vietnã para descobrir se não há subsídios ilegais sobre elas.
De acordo com o departamento, a margem de dumping, a diferença entre o preço normal de um produto e seu valor para exportação, das torres eólicas chinesas é de 213,54%, enquanto a das vietnamitas é 140,54% a 143,29%, o que os fabricantes norte-americanos alegam que está prejudicando sua competitividade no mercado interno frente aos artigos asiáticos.
A Coalizão do Comércio de Torres Eólicas, grupo de produtores norte-americanos, já havia pedido anteriormente medidas antidumping de 64% nas importações da China e de 59% nas do Vietnã, com o objetivo reduzir os efeitos prejudiciais dos produtos asiáticos no mercado dos EUA.
A Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC), agência do governo norte-americano, realizou uma audiência na quinta-feira para investigar se as empresas foram realmente prejudicadas ou ameaçadas pelas importações. Um painel votará no próximo mês se há evidências suficientes de danos para que a acusação prossiga.
Entre diversos casos, Kerry Cole, presidente da Trinity Structural Towers, comentou à Reuters que os fabricantes dos EUA sofreram um duro golpe quando foram excluídos do projeto Shepherd Flat, no estado do Oregon, que será a maior fazenda eólica do mundo, devido à deslealdade dos preços das torres chinesas.
Se o Departamento de Comércio conseguir comprovar que a China e o Vietnã estão realmente desenvolvendo práticas comerciais ilegais, os EUA poderão fixar taxas de importação maiores nas torres eólicas asiáticas, que podem atingir até US$ 100 milhões. Para se ter uma ideia, em 2010 as importações de torres eólicas chinesas e vietnamitas foram estimadas em US$ 103,6 milhões e US$ 51,9 milhões, respectivamente.
Mas a ação dos EUA não deve ficar sem resposta. Após a declaração do departamento, o Ministério do Comércio da China respondeu que tal iniciativa poderá comprometer as relações mercantis entre os norte-americanos e os asiáticos.
Essa investigação não será apenas prejudicial para o desenvolvimento da cooperação sino-americana de novas energias; prejudicará também os interesses da indústria dos EUA, e não está de acordo com os esforços globais de mudanças climáticas e de segurança energética.
A China espera que o lado dos EUA possa respeitar as leis e fatos relevantes, e respeitar os compromissos assumidos na conferência do G20 em Cannes de evitar introduzir novas medidas de protecionismo comercial.
Além disso, representantes dos produtores chineses e vietnamitas, além de outras firmas estrangeiras que atuam nos EUA, argumentam que o crescimento da demanda por produtos asiáticos em detrimento dos artigos norte-americanos não foi conduzida apenas pelos preços, e sim porque os fabricantes dos EUA não têm se mostrado “confiáveis”.
“Os fabricantes norte-americanos se mostraram frequentemente não satisfatórios e sem vontade de fornecer suprimentos. A Siemens não pode se dar ao luxo de ficar sem alternativas de suprimentos”, justificou Christopher Hauer, diretor da Siemens nos Estados Unidos.
Os representantes asiáticos dizem ainda que “não há evidências reais” de que as companhias norte-americanas foram prejudicadas ou ameaçadas pelas importações de torres eólicas chinesas e vietnamitas.
A investigação segue o caminho de um caso semelhante que vem ocorrendo no setor solar, no qual os EUA também investigam a presença de subsídios ilegais na indústria solar chinesa. Na época da denúncia, o Ministério do Comércio da China afirmou que lançaria sua própria investigação sobre os subsídios que o governo norte-americano fornecia a suas firmas de energia renovável.
“O Ministério do Comércio decidiu iniciar uma investigação de barreira comercial em apoio a políticas e subsídios para o setor de energia renovável dos EUA”, declarou o governo chinês.
Segundo os representantes da China, as políticas dos EUA constituíam “uma barreira comercial contra a exportação de produtos chineses de energia renovável para os Estados Unidos” e “violaram os compromissos dos Estados Unidos sob as regras da Organização Mundial do Comércio, e são uma barreira e uma restrição irracional para a indústria de energia renovável da China, reduzindo a competitividade dos produtos chineses no mercado dos EUA”.
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