Patrocínio Insustentável
O Estádio Olímpico de Londres está longe de ser uma estrutura de grande impacto visual. Apesar dos 80.000 lugares, dos quais 55.000 podem ser removidos após os Jogos, o estádio não tem a imponência do Ninho do Pássaro, em Pequim, ou mesmo de outras arenas de Londres, como Wembley e o Emirates Stadium, do Arsenal. O visual espartano combina bem com os tempos de recessão e de apelo à sustentabilidade.
A idéia inicial era cercá-lo com uma espécie de invólucro de material reciclável, que serviria para incrementar seu visual. Mas a instalação dos painéis custaria algo em torno de 7 milhões de libras, motivo pelo qual decidiu-se abandonar a idéia. Até que, em agosto deste ano, a indústria química Dow Chemical resolveu bancá-la. O invólucro deve ser instalado no início do próximo ano, e a empresa terá o direito de utilizar sua marca nos painéis até junho de 2012, um mês antes dos Jogos.
O que era para ser motivo de alívio para o comitê organizador pode se tornar uma grande dor de cabeça. Em 2001, a Dow Chemical anunciou uma fusão com a Union Carbide, também do ramo de indústria química. A empresa ficou mundialmente conhecida pelo acidente de Bhopal, um vazamento de gás venenoso ocorrido em 1984, na Índia, que segundo o Conselho Indiano de Investigação Médica (ICMR), deixou mais de 25.000 mortos. Após a fusão, a Dow Chemical se recusou a assumir a responsabilidade legal sobre o caso.
A escolha da Dow Chemical pelo comitê organizador de Londres não foi bem recebida por ministros britânicos, autoridades indianas, e até pela oposição ao prefeito Boris Johnson, que pode utilizar o fato nas eleições de maio do ano que vem. Não parece ser o caso para boicote ou algo do gênero, mas poderá ser uma mancha para a quase irretocável organização de Londres 2012. O fato de a Dow Chemical ter se tornado patrocinadora dos Jogos Olímpicos até 2020 tampouco ajuda a melhorar a imagem da parceria.
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