Olimpíadas 2016
Hoje ainda é difícil estimar orçamentos
O ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, preside a Autoridade Pública Olímpica (APO), que tem o papel de supervisionar o andamento dos projetos para os Jogos de 2016. Márcio Fortes acredita que a experiência acumulada na pasta que cuidava da implantação da infraestrutura em estados e municípios, durante o governo do ex-presidente Lula, o ajudará nesse desafio.
Atualmente, ele despacha em Brasília, mas no fim do primeiro trimestre do ano que vem terá um escritório montado no Rio, provavelmente na Cidade Nova, no mesmo prédio onde ficará a nova sede do Comitê Organizador Rio 2016. E o presidente da APO manda um recado: até março do ano que vem, pretende fechar um orçamento olímpico enxuto, que deixe claro que projetos são considerados, de fato, investimentos necessários para a realização do evento.
O Rio venceu as Olimpíadas em outubro de 2009, quando já estava prevista a criação da Autoridade Pública Olímpica. Somente nas últimas semanas, o ex-ministro começou a montar a equipe. Qual a razão para a demora?
“Somos uma autarquia federal, muito diferente do que existiu até hoje no país. Havia uma série de dúvidas jurídicas sobre como deve funcionar uma entidade com representantes da União, do governo e da prefeitura do Rio. E aconteceram mudanças recentes, inclusive em relação a que ministério seríamos subordinados para receber recursos do orçamento. Até novembro, a APO era vinculada ao Ministério do Planejamento. Por decisão de governo, agora, estamos subordinados ao Ministério do Esporte. Mas deixo claro que, independentemente da burocracia governamental, fui nomeado em julho. E, desde então, trabalho normalmente nos preparativos para os Jogos”, frisou..
Sobre se a APO vai assumir a licitação de algum projeto de infraestrutura sob a responsabilidade da União ou dos outros níveis de governo, o ex-ministro informou, “que o papel da APO será de supervisionar os projetos. A responsabilidade por licitações será dos ministérios ou dos níveis de governos que já executavam esses projetos. Se for uma obra com o financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF), por exemplo, todos os trâmites para a liberação de recursos serão da instituição que contratou. Nossa tarefa é ajudar a evitar impasses. Teremos, por exemplo, provas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Não podemos pensar apenas na competição em si, mas nos órgãos que precisam ser consultados desde já para que não haja dúvidas sobre licenças. E isso se repete por toda parte”.
Com relação à preparação das instalações para as Olimpíadas, Márcio Fortes, disse que, recentemente, esteve reunido no Parque Olímpico de Deodoro (parcialmente construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007), para levantar as necessidades do local, e verificou, na parte estrutural, como estão as instalações elétricas e os equipamentos esportivos. Em todas as instalações, essa será uma rotina a ser repetida nos próximos cinco anos. Temos alguns exemplos: quando disputávamos o direito de organizar os Jogos, o velódromo do Rio atendia às exigências olímpicas. Mas agora não. Hoje, não dá para dizer que estamos com tudo pronto em algum lugar. Sempre podem surgir até 2016, por exemplo, novas tecnologias que precisarão ser incorporadas para promovermos o evento.
Os governos discutem muito qual será o investimento total das Olimpíadas. Projetava-se um gasto de R$ 28,8 bilhões. Desse total, R$ 23,2 bilhões em infraestrutura e R$ 5,6 bilhões para o Comitê Organizador. Essas estimativas, no entanto, passam há mais de um ano por revisões.
O projeto para implantar o BRT Transcarioca, corredor de ônibus que vai ligar a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, duas áreas estratégicas para as Olimpíadas. Vão beneficiar os Jogos, mas o empréstimo de R$ 1,2 bilhão do BNDES para a prefeitura do Rio foi para desenvolver esse projeto para a Copa do Mundo de 2014. Então, não pode entrar na conta. Já os projetos dos BRTs Transbrasil (Avenida Brasil-Centro) e Transolímpico (Barra-Deodoro) são efetivamente para atender às Olimpíadas. O Rio pode desejar implantar redes de esgoto em toda a cidade até as Olimpíadas. Mas, para nós, o que irá atender às Olimpíadas são os planos para a despoluição nas áreas do evento.
Uma Saída Subterrânea
Entre os projetos de transportes de massa para os Jogos Olímpicos de 2016, a construção da ligação por metrô entre a Barra e a Zona Sul é a que exigirá o maior volume de investimentos. Estudos feitos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) estimam que R$ 5,6 bilhões serão necessários em obras e equipamentos para concluir a parte física das obras até dezembro de 2015. No primeiro semestre de 2016, a linha operaria em teste, sendo aberta ao público antes das Olimpíadas.
O novo trecho tem potencial para atender até 300 mil passageiros por dia. Duas estações já se encontram em obras, desde o ano passado, com a abertura de túneis: Jardim Oceânico (Barra da Tijuca) e Gávea. A previsão do estado é que as estações Gávea, Praça Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz comecem a ser construídas no início de 2012, assim que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) conceder a licença. Da Nossa Senhora da Paz, o metrô prosseguirá até a estação da Praça General Osório, última estação hoje em operação na Linha 1.
“O passageiro poderá circular da Barra da Tijuca por toda a Linha 1 sem trocar de composição. A mudança de trem só será necessária se o usuário precisar usar a Linha 2. E a tarifa será a mesma cobrada hoje nas linhas 1 e 2”, destacou o secretário-chefe da Casa Civil, Régis Fichtner.
Na Barra da Tijuca, o metrô se interligará com o BRT Transoeste (corredor para ônibus que vai até Santa Cruz) no Jardim Oceânico. Acredita-se que 80% dos usuários da nova linha que saiam da Barra tenham a Zona Sul como destino. Com a nova ligação, o plano prevê que o sistema passe a ter 66 trens. Nessa conta, estão os 30 carros que já circulam hoje e os 19 comprados pela concessionária Metrô Rio, que devem entrar em operação em 2012. Os 17 trens restantes ainda terão que ser encomendados.
Assim como o transporte sobre trilhos, a implantação dos corredores de BRTs também exigirá investimentos pesados. Além dos custos da prefeitura com a infraestrutura, a Federação das Empresas de Transportes do Rio (Fetranspor) estima que R$ 485 milhões serão gastos até 2016 na implantação de um centro de controle operacional e na aquisição de 581 veículos articulados para os quatro corredores (Transcarioca, Transoeste, Transolímpico e Transbrasil). A frota será adquirida pelas empresas que integram os quatro consórcios que, em 2010, ganharam a licitação organizada pela prefeitura para operar os ônibus articulados.
Os consórcios tentam agora captar empréstimos junto ao BNDES e a outras entidades financeiras, oferecendo em garantia as receitas obtidas pelo transporte de passageiros previstas nos contratos. Os carros articulados são bem mais caros que os veículos comuns. Segundo empresários, enquanto um ônibus tradicional custa, em média, R$ 230 mil, os veículos para os corredores de BRTs saem por cerca de R$ 750 mil, cada. Além de serem articulados, os veículos têm corredores mais largos, ar-condicionado e outras melhorias em comparação aos tradicionais. Nos novos corredores, haverá linhas que vão parar em todos os pontos e as expressas, que vão pegar passageiros apenas nos locais mais movimentados, como os próximos a shoppings e condomínios. Em cada estação, mapas vão informar os usuários sobre horários e trajetos. Dois protótipos de estações do corredor Transoeste já foram inaugurados: na Avenida das Américas, na Barra, e na Estrada do Magarça, em Guaratiba.
O presidente da Fetranspor, Lélis Marcos Teixeira, contou que as empresas Pégaso e Jabour, que lideram o consórcio que vai operar as linhas de boa parte da Zona Oeste (entre Bangu e Campo Grande), vai investir cerca de R$ 75 milhões. A frota começa a entrar em operação em meados do ano que vem.
“O dinheiro será usado na compra de 86 veículos articulados, que circularão no corredor Transoeste (Barra-Campo Grande-Santa Cruz)”, diz Lélis.
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