INFRAERO II

O desafio de Decolar

Considerado por autoridades e usuários o calcanhar de Aquiles na preparação do Rio para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos de 2016, os aeroportos Internacional Tom Jobim e Santos Dumont estão recebendo investimentos de aproximadamente R$ 900 milhões. A Infraero garante estar voando contra o tempo para acabar com o caos nos aeroportos cariocas e tentar transformá-los num legado duradouro para a cidade, muito além dos grandes eventos esportivos.

Classificado pelo próprio governador Sérgio Cabral como "uma vergonha para o estado" e "uma rodoviária de quinta categoria", o Galeão só deverá estar repaginado em março de 2014, três meses antes do início da Copa, quando está prevista a conclusão das obras das esteiras de bagagens. A Infraero anunciou gastos superiores a R$ 761 milhões no período de três anos, para intervenções nos terminais 1 e 2 e a ampliação da pista.

“Este ano, a movimentação de passageiros no Galeão deve fechar em 15 milhões de pessoas, três milhões a mais do que no ano passado, um aumento muito significativo. Nossas obras não têm como objetivo suprir somente as necessidades criadas para a Copa e as Olimpíadas, mas principalmente atender à expansão da demanda de clientes. O aeroporto internacional terá capacidade de 44 milhões de passageiros em 2013”, disse o superintendente regional da Infraero no Rio, Lucínio Baptista da Silva.

Todo o espaço destinado ao embarque e ao desembarque de passageiros do aeroporto internacional será reformado. O terminal 1 vai consumir cerca de R$ 250 milhões e será entregue em dezembro de 2013, de acordo com o cronograma da Infraero. Já o terminal 2, que hoje funciona com apenas metade de sua capacidade, receberá a maior fatia de investimentos: aproximadamente R$ 300 milhões. E deverá ficar pronto em maio de 2013, segundo o superintendente regional.

Além das intervenções nas áreas de passageiros, a pista para pousos e decolagens será alargada em 15 metros, permitindo a utilização por aviões maiores. A extensão, de quatro mil metros, não será alterada. Os gastos ficarão em cerca de R$ 100 milhões. O aeroporto receberá ainda 48 elevadores e 58 escadas rolantes, equipamentos que estão em fase de montagem e instalação.

“Já fizemos intervenções prioritárias, como a implantação do novo sistema informativo de voo e mudanças no piso, no forro, nas paredes, nos banheiros e na fachada. Agora, estão em curso as reformas no terminal 1, mas não vamos construir nada, apenas promover melhorias. No terminal 2, as obras já estão adiantadas. Por isso, acho que faremos tudo o que está previsto dentro do prazo, sem prejudicar aqueles que chegarão para a Copa do Mundo”, prometeu Lucínio Baptista da Silva.

Enquanto as melhorias não são entregues, o freqüentador do Galeão padece nos terminais.

“Ainda faltam espaço e estrutura para receber esses dois eventos. Na hora do controle de passaportes, há uma desorganização no momento de separar passageiros brasileiros e estrangeiros. Ninguém sabe em qual fila deve entrar. As esteiras de malas são pequenas e ficam amontoadas”, reclamou a agente de viagens Marina Pinheiro, que, pelo menos uma vez por ano, acompanha grupos de adolescentes a viagens ao exterior.

A proximidade da Copa do Mundo coloca também o Santos Dumont na relação de urgências. O aeroporto, utilizado por nove milhões de passageiros por ano, será fundamental no deslocamento dos torcedores, principalmente se o Brasil chegar à final, que será realizada no Maracanã. O embarque já passou por uma reforma, que está com 95% concluídos. A Infraero promete que o desembarque vai começar a receber uma ampla reforma até o fim do ano que vem. No cronograma, estão previstas adequação de sistemas, obras de alvenaria e marcenaria, entre outras modificações, que, segundo uma estimativa da Infraero, ficarão em torno de R$ 100 milhões.

Perguntado se os usuários dos aeroportos da cidade, que vai ser sede da final da Copa e dos Jogos Olímpicos, podem ficar tranqüilos, Lucínio Baptista da Silva mostrou segurança:

“Posso garantir que tanto o Galeão como o Santos Dumont não apresentarão problema para os torcedores que vierem ao Rio durante esses dois grandes eventos. Não tenho nenhuma dúvida disso”.