quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ampliação da Vida pelo Conhecimento


Ampliação da Vida pelo Conhecimento
Se fossem medidas as vidas dos seres humanos, desde seu nascimento até o final, pelo que elas têm significado para cada um, poderíamos dizer que a dimensão de umas e de outras varia substancialmente.
A vida, na generalidade das pessoas, é estreita e limitada, tanto que muitas vezes fica compreendida dentro de um só aspecto, e até de um só local quando tais pessoas não vão além daquele onde nasceram.
Para seres assim, a vida e o mundo se reduzem a um lugar apenas: o lugar onde vivem. É a única coisa que conhecem, e é a única também que exerce sobre seu ânimo uma influência decisiva.
Suponhamos o caso de um homem que, com muito dinheiro acumulado, tivesse circunscrito sua vida aos limites de onde nasceu, sem que jamais se interessasse em conhecer outros lugares, outros países, etc. para ele, não existiria outra coisa, como realidade a ser vista, vivida e admirada, que não fosse o estreito perímetro em que passou a vida até seu último instante; todos os demais lugares da Terra não teriam existido para sua consciência.
E, ainda que com boa vontade admitíssemos que o homem de nosso exemplo tivesse se inteirado da existência desses lugares, e até se deleitado mais de uma vez ao ler narrativas de viagens em que pudesse seguir o turista através dos muitos pontos por ele visitados, devemos admitir que tudo isso só lhe poderia ter produzido alguma inquietude por conhecê-los.
Essa inquietude, ao não se traduzir em resolução, teria passado por sua imaginação como tudo aquilo que não toma contato direto com a consciência.
Menos ainda se, ao lerem essas narrativas, os olhos tiverem passado depressa pelas linhas escritas, justamente ali onde o escritor narrava com maior detalhe e mais vida os trechos por ele percorridos. Apesar disso, num e noutro caso, muito seguramente essas leituras não teriam conseguido despertar em sua pessoa uma só das grandes emoções, alegrias ou impressões inexpressáveis que experimentamos quando somos nós mesmos quem visita e conhece um lugar, uma parada.
Se, por exemplo, projetarmos para nós uma vida habituada ao ambiente da cidade ou do povoado em que nascemos, desenvolvendo-se dentro da monotonia própria das coisas que se repetem com muita frequência, veremos que essa vida, se não mudou, teria sido a mesma do princípio ao fim de nossos dias e, em consequência, o mundo para nós se teria limitado, fechado no pouco que dele tivéssemos podido conhecer em tão misérrima existência.
Mas se, na procura de novos horizontes, tivéssemos chegado além das fronteiras criadas por nossa limitação, encontrando-nos de pronto em outra cidade, em outro país e em outros ambientes, teríamos experimentado a sensação de haver penetrado primeiramente em outro mundo, e depois em muitos outros. Isto porque, em cada lugar, teríamos conhecido uma vida diferente, ao nos adaptarmos aos meios, climas e modalidades próprias deles. E tudo isso, ao tomar contato com nossa consciência, haveria de produzir em nós, indubitavelmente, mudanças na maneira de ser e até na de pensar e sentir.
É esta uma manifestação cabal e inegável da ampliação que a vida experimenta pelo conhecimento: embora retornemos de todos os lugares que mais vivamente impressionaram nossa consciência, traremos conosco muitos pensamentos que, depois, nos permitirão reviver a vontade todas as imagens que foram gratas ao nosso espírito. De igual modo, e certamente com outras projeções, amplia sua vida aquele que, internando-se em si mesmo, guiado por conhecimentos de alta transcendência humana, consegue experimentar a realidade de uma verdadeira expansão da existência. É que os alcances do saber levam o pensamento a conhecer mundo insuspeitado para a mente comum, tão afastada destas realidades.


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